


O pré-modernismo (ou ainda estética impressionista[1]) foi um período literário brasileiro[2], que marca a transição entre o parnasianismo e simbolismo e o movimento modernista seguinte. Em Portugal, o pré-modernismo configura o movimento denominado saudosismo [3].
O termo pré-modernismo parece haver sido criado por Tristão de Athayde, para designar os "escritores contemporâneos do neo-parnasianismo, entre 1910 e 1920", no dizer de Joaquim Francisco Coelho[4]
Representa, assim, um período eclético (que possui várias correntes de idéias, sem se fixar numa delas) e não uma escola ou movimento
Contexto histórico
Para os autores, o momento histórico brasileiro interferiu na produção literária, marcando a transição dos valores estéticos do século XIX para uma nova realidade que se desenhava, essencialmente pautado por uma série de conflitos como o fanatismo religioso do Padre Cícero e de Antônio Conselheiro e o cangaço, no Nordeste, as revoltas da Vacina e da Chibata, no Rio de Janeiro, as greves operárias em São Paulo e a Guerra do Contestado (vide mapa); além disso a política seguia marcadamente dirigida pela oligarquia rural, o nascimento da burguesia urbana, a industrialização, segregação dos negros pós-abolição, o surgimento do proletariado e, finalmente, a imigração européia. [5]
Além desses fatos somam-se as lutas políticas constantes pelo coronelismo, e disputas provincianas como as existentes no Rio Grande do Sul entre maragatos e republicanos.[6]
Outras manifestações artísticas
A música assistiu, desde o lançamento da primeira gravação feita no país por Xisto Bahia, a uma penetração nas camadas mais elevadas de manifestações até então restritos às camadas mais populares – ritmos tais como o maxixe, toada, modinha e serenata. É o tempo em que a capital do país, então o Rio de Janeiro, assiste ao crescimento do carnaval, ao sucesso de compositores como Chiquinha Gonzaga e o nascimento do samba em sua versão recente. [5]
Na música erudita, o nome representativo foi o de Alberto Nepomuceno, de composições de “intenção nacionalista”. [5]
Na pintura, tendo como principal foco a Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro, vigorava o academicismo, passando despercebida a exposição feita em 1913 pelo russo Lasar Segall. Apenas em 1917 uma forte reação à exposição de Anita Malfatti expõe o confronto que redundaria na Semana de Arte Moderna de 1922. [5] (vide, mais abaixo, texto de Monteiro Lobato sobre essa exposição).
Ambiente literário
Para além dos fatos circundantes, registra-se que ainda estão ativos autores parnasianos, como Olavo Bilac, Raimundo Correia e Francisca Júlia, e neo-parnasianos como Martins Fontes, Goulart de Andrade, etc., dominando o cenário da Academia Brasileira de Letras. Além deles, longe da Academia, simbolistas como Emiliano Perneta e Pereira da Silva, convivem com os escritores pré-modernistas.
Além desses fatos somam-se as lutas políticas constantes pelo coronelismo, e disputas provincianas como as existentes no Rio Grande do Sul entre maragatos e republicanos.[6]
Outras manifestações artísticas
A música assistiu, desde o lançamento da primeira gravação feita no país por Xisto Bahia, a uma penetração nas camadas mais elevadas de manifestações até então restritos às camadas mais populares – ritmos tais como o maxixe, toada, modinha e serenata. É o tempo em que a capital do país, então o Rio de Janeiro, assiste ao crescimento do carnaval, ao sucesso de compositores como Chiquinha Gonzaga e o nascimento do samba em sua versão recente. [5]
Na música erudita, o nome representativo foi o de Alberto Nepomuceno, de composições de “intenção nacionalista”. [5]
Na pintura, tendo como principal foco a Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro, vigorava o academicismo, passando despercebida a exposição feita em 1913 pelo russo Lasar Segall. Apenas em 1917 uma forte reação à exposição de Anita Malfatti expõe o confronto que redundaria na Semana de Arte Moderna de 1922. [5] (vide, mais abaixo, texto de Monteiro Lobato sobre essa exposição).
Ambiente literário
Para além dos fatos circundantes, registra-se que ainda estão ativos autores parnasianos, como Olavo Bilac, Raimundo Correia e Francisca Júlia, e neo-parnasianos como Martins Fontes, Goulart de Andrade, etc., dominando o cenário da Academia Brasileira de Letras. Além deles, longe da Academia, simbolistas como Emiliano Perneta e Pereira da Silva, convivem com os escritores pré-modernistas.
Caracterização
Embora vários autores sejam classificados como pré-modernistas, este não se constituiu num estilo ou escola literária, dado a forte individualidade de suas obras[3], mas essencialmente eram marcados por duas características comuns:
conservadorismo - traziam na sua estética os valores parnasianos e naturalistas;
renovação - demonstravam íntima relação com a realidade brasileira e as tensões vividas pela sociedade do período[5]
Embora tenham rompido com a temática dos períodos anteriores, esse autores não avançaram o bastante para ser considerados modernos[3] - notando-se, até, nalguns casos, resistência às novas estéticas.[5]
Excerto
Num artigo publicado em 1917, Monteiro Lobato reagiu assim à exposição de Anita Malfatti, no jornal O Estado de São Paulo:
"Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em consequência fazem arte pura. (...) A outra espécie é formada dos que vêem anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos da decadência
conservadorismo - traziam na sua estética os valores parnasianos e naturalistas;
renovação - demonstravam íntima relação com a realidade brasileira e as tensões vividas pela sociedade do período[5]
Embora tenham rompido com a temática dos períodos anteriores, esse autores não avançaram o bastante para ser considerados modernos[3] - notando-se, até, nalguns casos, resistência às novas estéticas.[5]
Excerto
Num artigo publicado em 1917, Monteiro Lobato reagiu assim à exposição de Anita Malfatti, no jornal O Estado de São Paulo:
"Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em consequência fazem arte pura. (...) A outra espécie é formada dos que vêem anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos da decadência
Autores
Os principais pré-modernistas foram:
Euclides da Cunha, com Os Sertões, onde aborda de forma jornalística a Guerra de Canudos; a obra, dividida em três partes (A Terra, O Homem e A Luta), procura retratar um dos maiores conflitos do Brasil.[5] O sertão baiano, onde se deram as lutas, era um ambiente praticamente desconhecido dos grandes centros, e as lutas marcaram a vida nacional: o termo favela, que tornou-se comum depois, designava um arbusto típico da caatinga, e dava nome a um morro em Canudos[8].
Graça Aranha, com Canaã, retrata a imigração alemã para o Brasil.[5]
Lima Barreto, que faz uma crítica da sociedade urbana da época, com Triste Fim de Policarpo Quaresma e Recordações do Escrivão Isaías Caminha;[5]
Monteiro Lobato, com Urupês e Cidades Mortas, retrata o homem simples do campo numa região de decadência econômica;[5]
Valdomiro Silveira, com Os Caboclos, e Simões Lopes Neto, com Lendas do Sul e Contos Gauchescos, precursores do regionalismo, retratam a realidade do sul brasileiro.[5]
Augusto dos Anjos que, segundo alguns autores, trazia elementos pré-modernos.[3], embora no aspecto linguístico tenda para o realismo-naturalismo, no seu "Eu e Outras Poesias"[7]
Outros autores:
Figuram como escritores desse período, embora guardem no estilo mais elementos das escolas precedentes, autores como Afonso Arinos, Alcides Maya e Coelho Neto[9]. Este último, ao lado de Afrânio Peixoto, tendia a uma visão da literatura como simples ornato social e cultural. Raul de Leoni pode ser, também, tido como pré-modernista, mas o seu Luz Mediterrânea tende ao Simbolismo
Euclides da Cunha, com Os Sertões, onde aborda de forma jornalística a Guerra de Canudos; a obra, dividida em três partes (A Terra, O Homem e A Luta), procura retratar um dos maiores conflitos do Brasil.[5] O sertão baiano, onde se deram as lutas, era um ambiente praticamente desconhecido dos grandes centros, e as lutas marcaram a vida nacional: o termo favela, que tornou-se comum depois, designava um arbusto típico da caatinga, e dava nome a um morro em Canudos[8].
Graça Aranha, com Canaã, retrata a imigração alemã para o Brasil.[5]
Lima Barreto, que faz uma crítica da sociedade urbana da época, com Triste Fim de Policarpo Quaresma e Recordações do Escrivão Isaías Caminha;[5]
Monteiro Lobato, com Urupês e Cidades Mortas, retrata o homem simples do campo numa região de decadência econômica;[5]
Valdomiro Silveira, com Os Caboclos, e Simões Lopes Neto, com Lendas do Sul e Contos Gauchescos, precursores do regionalismo, retratam a realidade do sul brasileiro.[5]
Augusto dos Anjos que, segundo alguns autores, trazia elementos pré-modernos.[3], embora no aspecto linguístico tenda para o realismo-naturalismo, no seu "Eu e Outras Poesias"[7]
Outros autores:
Figuram como escritores desse período, embora guardem no estilo mais elementos das escolas precedentes, autores como Afonso Arinos, Alcides Maya e Coelho Neto[9]. Este último, ao lado de Afrânio Peixoto, tendia a uma visão da literatura como simples ornato social e cultural. Raul de Leoni pode ser, também, tido como pré-modernista, mas o seu Luz Mediterrânea tende ao Simbolismo
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