quinta-feira, 17 de julho de 2008

As Revoltas no Período Regencial


Como já foi demonstrado antes, em 9 anos de Regência aconteceram lutas internas cujas causas e intensidades variaram muito.As menores ,afora as do Rio de Janeiro ,as balizaremos como referências para outros estudos:


A setembrada e a novembrada em Pernambuco em 1831

Elas tiveram forte componente antilusitano motivado pelos portugueses dominarem o comércio,o latifúndio e a sociedade.
As revoltas se caracterizaram pelo saque a casas de comércio de portugueses e exigências de que fossem expulsos. A setembrada consistiu numa revolta da guarnição do Exército no Recife iniciada pelo 14 o BI na noite de 14 set 1831.Ela dominou a cidade até 16 e foram saqueadas casas comerciais.
Na repressão morreram 300 revoltosos e foram presos 800, que foram enviados inicialmente para Fernando de Noronha e a seguir para o Rio, onde chegaram quase nus tendo o Ministro da Guerra brig Manoel Fonseca Lima e Silva,tio de Caxias ,mandado vesti-los com sapatos, boné, camisa e jaqueta de polícia .Uma peça de cada.(Aviso de 5 nov 1831).
A Abrilada em Pernambuco teve o cunho restaurador de D.Pedro I e com ramificações pelo interior mas logo conjurada.


A Revolta dos Guanais em Salvador na Bahia 1832-33


.Foi liderada por Bernardo Miguel de Guanais Mineiro e foi de natureza federalista. Dominou e resistiu três dias em Cachoeira. Preso no Forte do Mar converteu a sua causa a sua guarnição e com ela resistiu 3 dias ao Governo.

A Revolta do 10o BC em Salvador 1832


Sublevado pelo própio comandante reclamando melhoria de tratamento a unidade e a sua tropa.O 10o BC foi dominado, desarmado e dissolvido. Eram reflexos do tratamento erradicador do Exército uma das causas não abordadas destas revoltas e motins militares na Regência como o que aconteceu na Revolução Farroupilha que a expressiva maioria da guarnição do Exército a ela aderiu.


A Insurreição do Crato de 1832


Teve caracter restaurador de D.Pedro I. Foi liderada pelo cel Joaquim Pinto Madeira .Ocuparam a cidade de Crato e ali estabeleceram um governo Provisório para o Cariri. Foi desbaratada pelo mal Pedro Labatut e seu líder foi julgado sumariamente por inimigos políticos e fuzilado.

A Revolta de Santo Antão-PE de 1832


Foi restauradora de D.Pedro I.Liderada em Bonito por Torres Galindo foram debandados a aproximação de Santo Antão


O Levante de Ouro Preto em 1833


Foi restaurador de D.Pedro I e também por descontentamentos de preterições de promoções militares,impostos sobre a cachaça e proibição de sepultamentos em igrejas. Governou a partir de São João del Rei. Investiu Ouro Preto em 23 mai 1833 terminando a revolta sem luta.O mesmo ocorreu em Caeté e Mariana.

As Carneiradas em Pernambuco em 1834-35


Foi uma revolta liberal liderada pelos irmãos Antônio e Francisco Carneiro Machado Rios que promoveram três motins. Partindo de Goiana ,na tentativa de conquista do Recife foram batidos e debandados.

As Rusgas de Cuiabá em 1834 .



Foi uma reação contra os restauradores de Mato Grosso e contra tudo quando fosse português ou de retorno de D.Pedro I.
Foi uma explosão popular em 31 mai 1834 com assaltos a casas de moradia e comerciais e de chacinas seguida de queima de cadáveres,violações de mulheres, incêndios.Os mortos ,segundo Hernani Donato ,chegaram a uma centena.

A Revolta dos escravos Nagôs Salvador-BA 1835


.Estourou em 24 jan 1835 com pretendendo abolição do Catolicismo e da propiedade. Propiciou alguns confrontos sangrentos e severa repressão que incluiu 5 fuzilamentos e muitas condenações com açoites.E episódio que como o de Zumbi dos Palmares deverá ser aprofundado do ponto de vista dos revoltosos.

A Anselmada de Franca -SP em 27 out 1838 .



Foi um movimento liderado por Anselmo Barcelos contra autoridades e políticos liberais de Franca que resultou em mortes, feridos e fugas. Julgados foram absolvidos.

A Revolta de Manoel Gongo em Vassouras 1838.


Consistiu numa revolta de escravos de uma fazenda e que se aquilombaram. Foi-lhes dado caça por autoridades locais resultando a condenação a morte do líder Manoel Gongo, hoje justamente numa nova leitura dos fatos ,consagrado e cultuado mártir da luta que culminou na Abolição. Caxias era então comandante da atual Polícia Militar do Rio de Janeiro e nada teve a ver com a repressão a esta revolta ,conforme tem sido injustamente apontado por manipuladores da História e abordamos na primeira parte em- Caxias vítima da manipulação da História . 7 anos mais tarde Caxias seria pioneiro abolicionista, ao assegurar a liberdade aos lanceiros negros farrapos e os incorporando à Cavalaria Ligeira do Exército no Rio Grande do Sul.

O Levante de Sobral em 14 dez 1840.



Frustou-se em seu plano de convulsionar o Ceará após fracassar ataque a casa do presidente do Ceará, padre José Martiniano de Alencar. Foi fruto de radicalização política .
O relacionamento de todas as revoltas durante 9 anos de Regência, mais de 20 serve para demonstrar a instabilidade política do pais ,com sérias ameaças a Unidade do Brasil conseqüentes da ausência do trono.
Relacionadas todas as revoltas de menor intensidade que passaram à História, a seguir serão abordaremos as de maior intensidade.
Registre-se as muitas de natureza restauradora de D.Pedro I


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Pré-Modernismo




O pré-modernismo (ou ainda estética impressionista[1]) foi um período literário brasileiro[2], que marca a transição entre o parnasianismo e simbolismo e o movimento modernista seguinte. Em Portugal, o pré-modernismo configura o movimento denominado saudosismo [3].
O termo pré-modernismo parece haver sido criado por
Tristão de Athayde, para designar os "escritores contemporâneos do neo-parnasianismo, entre 1910 e 1920", no dizer de Joaquim Francisco Coelho[4]
Representa, assim, um período eclético (que possui várias correntes de idéias, sem se fixar numa delas) e não uma escola ou movimento


Contexto histórico


Para os autores, o momento histórico brasileiro interferiu na produção literária, marcando a transição dos valores estéticos do século XIX para uma nova realidade que se desenhava, essencialmente pautado por uma série de conflitos como o fanatismo religioso do Padre Cícero e de Antônio Conselheiro e o cangaço, no Nordeste, as revoltas da Vacina e da Chibata, no Rio de Janeiro, as greves operárias em São Paulo e a Guerra do Contestado (vide mapa); além disso a política seguia marcadamente dirigida pela oligarquia rural, o nascimento da burguesia urbana, a industrialização, segregação dos negros pós-abolição, o surgimento do proletariado e, finalmente, a imigração européia. [5]
Além desses fatos somam-se as lutas políticas constantes pelo coronelismo, e disputas provincianas como as existentes no Rio Grande do Sul entre maragatos e republicanos.[6]

Outras manifestações artísticas
A música assistiu, desde o lançamento da primeira gravação feita no país por
Xisto Bahia, a uma penetração nas camadas mais elevadas de manifestações até então restritos às camadas mais populares – ritmos tais como o maxixe, toada, modinha e serenata. É o tempo em que a capital do país, então o Rio de Janeiro, assiste ao crescimento do carnaval, ao sucesso de compositores como Chiquinha Gonzaga e o nascimento do samba em sua versão recente. [5]
Na música erudita, o nome representativo foi o de Alberto Nepomuceno, de composições de “intenção nacionalista”. [5]
Na pintura, tendo como principal foco a Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro, vigorava o academicismo, passando despercebida a exposição feita em 1913 pelo russo Lasar Segall. Apenas em 1917 uma forte reação à exposição de Anita Malfatti expõe o confronto que redundaria na Semana de Arte Moderna de 1922. [5] (vide, mais abaixo, texto de Monteiro Lobato sobre essa exposição).

Ambiente literário
Para além dos fatos circundantes, registra-se que ainda estão ativos autores
parnasianos, como Olavo Bilac, Raimundo Correia e Francisca Júlia, e neo-parnasianos como Martins Fontes, Goulart de Andrade, etc., dominando o cenário da Academia Brasileira de Letras. Além deles, longe da Academia, simbolistas como Emiliano Perneta e Pereira da Silva, convivem com os escritores pré-modernistas.


Caracterização


Embora vários autores sejam classificados como pré-modernistas, este não se constituiu num estilo ou escola literária, dado a forte individualidade de suas obras[3], mas essencialmente eram marcados por duas características comuns:
conservadorismo - traziam na sua estética os valores parnasianos e naturalistas;
renovação - demonstravam íntima relação com a realidade brasileira e as tensões vividas pela sociedade do período
[5]
Embora tenham rompido com a temática dos períodos anteriores, esse autores não avançaram o bastante para ser considerados modernos
[3] - notando-se, até, nalguns casos, resistência às novas estéticas.[5]

Excerto
Num artigo publicado em
1917, Monteiro Lobato reagiu assim à exposição de Anita Malfatti, no jornal O Estado de São Paulo:
"Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em consequência fazem arte pura. (...) A outra espécie é formada dos que vêem anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos da decadência


Autores


Os principais pré-modernistas foram:
Euclides da Cunha, com Os Sertões, onde aborda de forma jornalística a Guerra de Canudos; a obra, dividida em três partes (A Terra, O Homem e A Luta), procura retratar um dos maiores conflitos do Brasil.[5] O sertão baiano, onde se deram as lutas, era um ambiente praticamente desconhecido dos grandes centros, e as lutas marcaram a vida nacional: o termo favela, que tornou-se comum depois, designava um arbusto típico da caatinga, e dava nome a um morro em Canudos[8].
Graça Aranha, com Canaã, retrata a imigração alemã para o Brasil.[5]
Lima Barreto, que faz uma crítica da sociedade urbana da época, com Triste Fim de Policarpo Quaresma e Recordações do Escrivão Isaías Caminha;[5]
Monteiro Lobato, com Urupês e Cidades Mortas, retrata o homem simples do campo numa região de decadência econômica;[5]
Valdomiro Silveira, com Os Caboclos, e Simões Lopes Neto, com Lendas do Sul e Contos Gauchescos, precursores do regionalismo, retratam a realidade do sul brasileiro.[5]
Augusto dos Anjos que, segundo alguns autores, trazia elementos pré-modernos.[3], embora no aspecto linguístico tenda para o realismo-naturalismo, no seu "Eu e Outras Poesias"[7]
Outros autores:
Figuram como escritores desse período, embora guardem no estilo mais elementos das escolas precedentes, autores como
Afonso Arinos, Alcides Maya e Coelho Neto[9]. Este último, ao lado de Afrânio Peixoto, tendia a uma visão da literatura como simples ornato social e cultural. Raul de Leoni pode ser, também, tido como pré-modernista, mas o seu Luz Mediterrânea tende ao Simbolismo